segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012


A PORTA DO FUNDO


ANO 01 – Nº 332

Quando jovens, pensamos que os acontecimentos
e as pessoas de importância e de grandes consequências
para a nossa vida hão de se apresentar ao som de clarins
e de tambores; na velhice, porém, o exame retrospectivo
revela que entraram todas pela porta do fundo,
silêncio, quase sem que a percebêssemos.
(Aforismos para a sabedoria na vida – Schopenhauer)


Recentemente, acompanhamos a vinda de um ídolo jovem da música sertaneja ao Rio Grande do Sul. Os ingressos para a apresentação foram adquiridos com antecedência e, quando o cantor entrou no palco, a maioria da platéia, composta predominantemente de jovens, foi ao delírio.

Nossa sociedade contemporânea acostumou-se a cultuar personagens ligados à música e ao esporte, comumente ‘fabricados’ pelas grandes redes de televisão. São como meteoros que passam tão velozmente quanto chegaram e pouco ou quase nada deixam em seu rastro. Celebridades cultuadas na sofreguidão de faturamentos astronômicos que, na maioria das vezes são consumidos em pouco tempo e cuja trajetória desaparece com rapidez.

O aforismo de Schopenhauer nos faz refletir sobre a diferença entre celebridades do momento e pessoas de importância. As primeiras cantam, tocam, jogam, arrebatam platéias; as outras marcam para sempre as nossas vidas. As primeiras custam caro, pois são produtos de consumo eventual; as outras nos são caras porque nos inspiram e inspiram trajetórias para todas as gerações.

Coerentemente com o que disse o Filósofo, as primeiras vêm anunciadas ao som de ‘trombetas’ e desaparecem como a serração que se levanta sem percebermos; as outras entram em nosso existir com a sutileza dos aromas da primavera e se instalam para sempre.

Nosso cotidiano é constituído, dentre outros elementos, de celebridades e de sábios. Discernir entre uns e outros constitui a sabedoria de cada um assim como saber separar o que é fundamental do que é apenas assessório.
Com votos de uma ótima segunda-feira!


DESTAQUE DO DIA

Morte de Portinari (50 anos)

Cândido Portinari nasceu em Brodowski, SP, a 29 de dezembro de 1903 e morreu no Rio de Janeiro a 6 de fevereiro de 1962. Foi um artista plástico brasileiro. Portinari pintou quase cinco mil obras, de pequenos esboços e pinturas de proporções padrão como O Lavrador de Café à gigantescos murais, como os painéis Guerra e Paz, presenteados à sede da ONU em Nova Iorque em 1956 e que em dezembro de 2010, graças aos esforços de seu filho, retornaram para exibição no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Portinari hoje é considerado um dos artistas mais prestigiados do país e foi o pintor brasileiro a alcançar maior projeção internacional.[1]


[1] CÂNDIDO PORTINARI. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2ndido_Portinari. Acesso em 5 fev 2012.

2 comentários:

  1. Meu distinto colega,
    mesmo que o aforismo de Schopenhauer tenha me feito lembrar a necessidade de sermos consistente, o foto do dia de tua blogada de hoje coincide com o assunto central da edição de hoje. Aprendi muito sobre Portinari, nesta comemoração,
    Uma boa segunda-feira de férias
    attico chassot

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caro Chassot,
      em 1978 conheci a casa de Portinari em sua cidade natal. Foi muito emocionante perceber a grandiosidade desse pintor e de suas obras.

      Um abraço,

      Garin

      Excluir