sexta-feira, 1 de junho de 2012

Embriagado no trânsito - ANO 02 – Nº 446


EMBRIAGADO NO TRÂNSITO

Precisava comprar uma bombona de água e por isso peguei o carro e fui até ao posto de distribuição. Mal tinha saído da minha quadra e percebi que o trânsito estava parado. Havia vários carros à frente o que me impedia de enxergar o que estava acontecendo mais adiante. Como a rua onde moro é bastante calma, logo imaginei que se tratasse de um acidente, e de acidente grave para trancar a circulação àquela hora.

Não demorou muito e os carros começaram a andar vagarosamente. Quando cheguei ao local do acontecimento percebi do que se tratava. Um homem, aparentando uns cinquenta anos, completamente embriagado, circulava pelo meio da rua, impedindo, com gestos, o avançar de um e de outro veículo. Com os braços abertos, discursava gesticulando como se estivesse fazendo uma inflamada palestra. Os motoristas, com medo de atropelá-lo, procuravam desviar dele com todo o cuidado.

Em primeiro lugar me coloquei no lugar dele tentando imaginar que coisas o atormentavam tanto ao ponto de estar bêbado em plena manhã de quinta-feira. Nessas horas nossa mente passeia por mil problemas do existir humano e elenca solidão, frustração nos relacionamentos, falta de realização profissional, enfim, coisas muito sérias que o teriam levado ao desespero a tal ponto de expor vergonhosamente sua vida.

Depois, meu DNA protestante se inflamou. Intimamente comecei a reprovar aquela atitude irresponsável de alguém que não tendo algo melhor para fazer, atrapalhava o trânsito num horário importante para os deslocamentos do trânsito. Como alguém pode se arvorar ao direito de impedir o constitucional direito de ir e vir em liberdade?

Refletindo sobre as reações que tive, percebi algo que sempre falo em minhas aulas de ética. Convivem, em cada um de nós, diferentes posturas morais contraditórias. Por um lado nosso perfil humano tenta compreender a realidade pelo viés da compaixão e nele inserir uma postura de compreensão e tolerância. Por outro, o julgamento moral condena as atitudes dos outros que não se coadunam com a postura ideal construída em nós pela educação, conceitos religiosos, valores morais etc.

O risco que corremos é deixar se levar por uma ou por outra postura sem o devido exame analítico e reflexivo. Tomado por emoções contraditórias, muitas vezes agimos por impulso e, normalmente nessas ocasiões, assumimos uma postura que mais tarde nos custará um preço alto e pela qual nos arrependemos.

Votos de uma ótima sexta-feira na expectativa do final de semana que vem por aí!
DESTAQUE DO DIA

Morte de Dewey (60 anos)

John Dewey nasceu em Burlington, Vermonta a 20 de outubro de 1859 e morreu em 1 de Junho de 1952. Foi um filósofo e pedagogo norte-americano. John Dewey é reconhecido como um dos fundadores da escola filosófica de Pragmatismo (juntamente com Charles Sanders Peirce e William James), um pioneiro em psicologia funcional, e representante principal do movimento da educação progressiva norte-americana durante a primeira metade do século XX. Como se pode ler em Democracy and Education (Democracia e Educação), Dewey tenta sintetizar, criticar e ampliar a filosofia da educação democrática ou proto-democrática contidas em Rousseau e Platão. Via em Rousseau uma visão que se centrava no indivíduo, enquanto Platão acentuava a influência da sociedade na qual o indivíduo se inseria. Dewey contestou esta distinção – e tal como Vygotsky, concebia o conhecimento e o seu desenvolvimento como um processo social- integrando os conceitos de "sociedade" e indivíduo. A ideia básica do pensamento de John Dewey sobre a educação está centrada no desenvolvimento da capacidade de raciocínio e espírito crítico do aluno. Enquanto suas idéias gozam de grande popularidade durante sua vida e postumamente, sua adequação à prática sempre foi problemática. Seus escritos são de difícil leitura – ele tem uma tendência para utilizar termos novos e frases complexas fazem com que seja extremamente mal entendido, forçando reinterpretações dos textos.[1]


[1] JOHN DEWEY. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Dewey. Acesso em 01 jun 2012.

2 comentários:

  1. Muito prezado Pastor do Cotidiano,
    abençoada a bombona que se fez fazia para teres a oportunidade de plenificar-nos com meditações como a de hoje,
    achassot

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    1. Amigo Chassot,
      obrigado pelo teu comentário. Nem sempre as múltiplas tarefas permitem um olhar mais atento ao cotidiano.
      Um abraço,
      Garin

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