quarta-feira, 27 de junho de 2012

Sobre a hora - ANO 02 – Nº 472


SOBRE A HORA

Ontem fui até ao relojoeiro buscar o relógio que estava no conserto. Engraçado isso, não? Hoje a gente não conserta mais os relógios. No meu caso, tratava-se do pino da pulseira que havia caído. Antigamente, os relógios eram consertados de vez em vez. Eu mesmo, quando jovem, aprendi a profissão de relojoeiro com um colega pastor da Igreja Batista. A maioria dos relógios era movida à corda. Os mais chiques já eram automáticos. Tinham também os despertadores que necessitavam de lubrificação regular. Na verdade, todos os relógios recebiam lubrificação quando consertados e alguns paravam exatamente por falta de uma minigota de óleo.

Pois é, ontem ficou pronta a pulseira do meu relógio e aí fique pensando sobre essa nossa dependência deles. Especialmente quando dou aulas sinto falta, gosto de conferir quanto tempo ainda tenho para concluir os debates antes que o pessoal se “evapore” porta a fora. É compreensível que a gente se administre pelo horário – faz parte da organização do tempo.

Entretanto, domingo passado aconteceu algo que me chamou a atenção. Aparentemente foi um dia de preguiças e nada para fazer, mas a todo o momento consultava o relógio de parede. A certa altura minha esposa perguntou: a que horas é o teu compromisso? Quase zangado respondi que não tinha compromisso nenhum. Dei-me por conta que o hábito de consultar o relógio virou mania. Mesmo sem compromissos com hora marcada, fico sempre querendo saber que horas são. Saber para nada. Pelo simples vício de consultar o relógio a todo o momento.

Saí da sala e fui me refugiar nos meus botões. Uma porção de fantasmas veio me fazer companhia. Entre eles a dúvida sobre a minha sanidade mental. Juntou-se a essa, o avançar da idade! Será que o meu prazo de validade já se foi? Vou ter que parar por aqui porque preciso olhar que horas são!

Votos de uma quarta-feira de muitas realizações a tempo e a fora de tempo!
DESTAQUE DO DIA

Cirilo de Alexandria

Cirilo de Alexandria (c. 375-444) foi o Patriarca de Alexandria quando a cidade estava no topo de sua influência e poder dentro do Império Romano. Um dos Padres gregos, Cirilo escreveu extensivamente e foi o protagonista liderante nas controvérsias cristológicas do final do século IV e do século V. Foi uma figura central no Primeiro Concílio de Éfeso, em 431, que levou à deposição de Nestório da posição de Patriarca de Constantinopla. Cirilo é listado entre os Pais e os Doutores da Igreja, e sua reputação no mundo cristão resultou em seus títulos: Pilar da Fé e Selo de Todos os Pais. Entretanto, os bispos nestorianos no Concílio de Éfeso o declararam um herético, rotulando-o como um "monstro, nascido e criado para a destruição da Igreja".

A Igreja Ortodoxa e as igrejas orientais celebram seu dia em 9 de junho e, junto com o Atanásio de Alexandria, em 18 de janeiro. A Igreja Católica não o comemora no calendário tridentino; sua celebração foi adicionada apenas em 1882, sendo 9 de fevereiro o seu dia. Aqueles que usam calendários anteriores à revisão de 1969 ainda observam este dia, mas a revisão atribuiu ao santo o dia 27 de junho, considerado o dia da morte do santo. A mesma data foi escolhida para o calendário luterano. O Papa Pio XII, em 9 de abril de 1944, por ocasião do XV centenário da morte de São Cirilo, promulgou a encíclica Orientalis Ecclesiae.

Cirilo foi um arcebispo erudito e um escritor prolífico. Nos primeiros anos da sua vida ativa na Igreja, ele escreveu exegeses diversas. Entre elas estavam: Comentários sobre o Antigo Testamento, Thesaurus, discurso contra Arianos, Comentário do Evangelho de João, e os Diálogos sobre a Trindade. Em 429 as controvérsias cristológicas aumentaram sua produção de textos, de modo que seus adversários não conseguiram acompanhar. Seus escritos fazem frequentemente alusão às doutrinas dos demais Padres da Igreja.[1]


[1] CIRILO DE ALEXANDRIA. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Cirilo_de_Alexandria. Acesso em 27 jun 2012.

2 comentários:

  1. Meu caro Garin,
    não fosse a morte de George, o Solitário, ter alterado a pauta de meu blogue, um e outro teríamos o mesmo tema: o tempo. Claro que eu não falaria de vencimento de prazo de validade, pois tu como teólogo dizes que ‘não sabemos nem o dia nem hora’ para que estejamos preparados sempre. Logo não vou aderir as tuas divagações sobre envelhacimento, pois busco resistir a ele. Quem sabe isso me enseje a enganar (ou pelo menos protelar) a Traiçoeira.
    Não posso silenciar ante tua omissão no panegírico à São Cirilo. Há uma nódoa irreparável em hagiografia. Ele foi um dos responsáveis por manipular a turba cristã contra Hipácia (os dois nasceram no mesmo ano) que a levou ao martírio com 45 anos. Custa-me a entender como quase um 1,5 milênio da morte de Cirilo a Igreja do Ocidente o faz doutor.
    Há uma pecha dolorosa que pesa sobre teu laudado de hoje que precisa ser vituperada a cada oportunidade.
    Com indignado protesto, a admiração do
    attico chassot

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    1. Amigo Chassot,
      quando se trata de História da Ciência, tu és imbatível. Acatados teus protestos. Também concordo que a Igreja, por se achar depositária do poder divino, atuou (e atua muitas vezes) como emissária do diabo.
      Um abraço,
      Garin

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