sexta-feira, 18 de maio de 2012

A natureza da felicidade - ANO 02 – Nº 432


A NATUREZA DA FELICIDADE

Uma vez que a felicidade é, então, uma atividade
da alma conforme à virtude perfeita, é necessário considerar
a natureza da virtude, pois isso talvez possa nos ajudar
a compreender melhor a natureza da
felicidade. (Aristóteles).[1]

Os filósofos gregos do período clássico se debruçavam sobre a investigação da felicidade. Perseguir o bem como valor maior ocupava boa parte dos debates e das reflexões, não apenas de Aristóteles. Nessa parte da Ética, ele se debruça sobre a natureza da felicidade.

Deixando os filósofos clássicos para trás, mas não esquecendo sua reflexão, é mister perguntar sobre a natureza da felicidade para o ser humano contemporâneo. Vamos encontrar mais dúvidas do que respostas, o que não seria tão diferente dos questionamentos da antiguidade clássica.

Para eles, a felicidade era uma atividade da alma, mas entre nós, nem se fala mais em alma. Quando alguém menciona esse termo, num ambiente acadêmico, corre o risco de receber alguns ‘tomates’ na cabeça. Imaginem falar de alma numa business meeting, por exemplo. Nem seria necessário mencionar ‘alma’, bastaria referir-se à ‘felicidade’ e, certamente, receberia um olhar enviesado, juntamente com um sorriso ‘amarelo’ de canto de boca. Alguém poderia intervir imediatamente: “por favor, voltemos à nossa reunião – temos assuntos sérios à tratar!”.

Então, por onde passa a ‘natureza da felicidade’ na sociedade de consumo? Alguém poderia se adiantar com uma resposta equivocada: “no consumo, ora bolas!”. Responderia de outra forma: a resposta não seria: na implacável expansão do consumo? Nada representaria mais essa ‘virtude’ do que o ato de comprar indefinidamente. Representaria a suprema felicidade, pois enquanto estou comprando posso me sentir entronizado nos portais da glória contemporânea.

O problema de Aristóteles estaria facilmente resolvido nos dias atuais. Entretanto, essa resolução não teria convergência com a virtude perfeita da alma, posto que o consumo não enleva a alma porque preocupa o devedor com a fatura do cartão de crédito. Não representaria a realização da suprema felicidade do vendedor porque o crescimento de sua produtividade só aumentaria suas metas para o período seguinte.

Em direções diferentes daquela do período clássico, os questionamentos persistem porque há dúvidas sobre a natureza da felicidade no contexto atual. Tudo aquilo que é oferecido como possibilidade se frustra pela inexequibilidade da profunda realização humana através dos bens e serviços de consumo. Restaria questionar se é possível conhecer a ‘natureza da felicidade’ em qualquer que seja o contexto social.

Com votos de uma sexta-feira feliz!
DESTAQUE DO DIA

Nascimento de Khayyām (964 anos)

Omar Khayyām nasceu em Nishapur, Pérsia a 18 de maio de 1048 e morreu a 4 de dezembro de 1131. Poeta, matemático, filósofo e astrônomo iraniano, seu nome completo era Ghiyath al-Din Abu'l-Fath Umar ibn Ibrahim Al-Nishapuri al-Khayyami. Khayyām calculou como corrigir o calendário persa. O seu calendário tinha uma margem de erro de um dia a cada 3770 anos. Contribuiu em álgebra com o método para resolver equações cúbicas pela intersecção de uma parábola com um círculo, que viria a ser retomada séculos depois por Descartes. A filosofia de Omar Khayyām era bastante diferente dos dogmas islâmicos oficiais. Concordou com a existência de Deus, mas se opôs à noção de que cada acontecimento e fenômeno particular era o resultado de intervenção divina. Em vez disso ele apoiou a visão que leis da natureza explicam todos fenômenos particulares da vida observada.[2]

http://www.metodistadosul.edu.br/vestibular/inscricao/default_escolhe.php


[1] ARISTÓTOLES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Martin Claret, 2001, p. 36.
[2] OMAR KHAYYĀM. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Omar_Khayy%C4%81m. Acesso em 17 maio 2012.

2 comentários:

  1. Meu caro Garin,
    associo-me a significativa homenagem que fazes ao também poeta Omar Khayyām, que na minha adolescência se lia empolgado.
    Catalisas e retomar alguns daqueles textos há muito olvidados.
    Obrigado,
    attico

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    1. Amigo Chassot,
      fico feliz por poder despertar a lembrança de antigos textos. Também os autores têm maior ou menor projeção em determinadas épocas.
      Um abraço,
      Garin

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