segunda-feira, 7 de maio de 2012

Tendendo ao futuro - ano 02 - nº 421


TENDENDO AO FUTURO
ANO 02 – Nº 421

Ontem, Ana e eu fomos à Igreja para o culto dominical. O pastor baseou sua homilia num texto da sabedoria judaica sobre a realidade de que há tempo para nasceu e tempo para morrer. Na sequência, tomando as categorias de Agostinho de Hipona, falou sobre o fato de que apenas temos o presente, visto que passado e futuro não pertencem ao ser humano. Finalmente, acompanhando o raciocínio do filósofo e santo Agostinho chegou à conclusão de que o presente é tão ínfimo que também não existe, praticamente.

À tarde, quando sorvíamos o chimarrão, minha esposa e eu começamos a falar sobre o tema, mas na perspectiva do nosso existir. Comentamos alguns programas de rádio que abordam o envelhecimento. Rapidamente, nossa conversa se direcionou ao futuro, o nosso, aquela dimensão que está logo ali e com a qual vamos nos deparar em pouco tempo. Como se estivéssemos construindo a agenda de nossas vidas, programávamos o amanhã. O passado, numa redundância óbvia, passou velozmente pelo nosso diálogo e o presente ficou apropriado apenas como suporte daquilo que projetávamos para frente.

Entendo que essa realidade acontece com a maioria das pessoas. O tempo, enquanto futuro, presente e passado, é apenas o suporte irreal das conjecturas que entrelaçamos em nossas projeções para cá e para lá. Ele não se concretiza em momento nenhum porque não passa de uma percepção, uma dimensão à qual nos referimos enquanto tomamos chimarrão, enquanto trabalhamos, enquanto nos divertimos etc. Serve como sustentação sobre a qual apoiamos nossas narrativas ou nossas agendas.

Chagamos à conclusão com outra afirmação da sabedoria judaica do século  III a.C., que boa parte daquilo que consideramos importante, não passa de vaidade.

Votos de uma ótima segunda-feira!
DESTAQUE DO DIA

Dia do Silêncio

O Silêncio (1842–1843), escultura pintada
em gesso de Antoine-Augustin Préault.
É o estado de quem se cala ou se abstém de falar e pode ser também a privação, voluntária ou não, de falar, de publicar, de escrever, de pronunciar qualquer palavra ou som, de manifestar os próprios pensamentos etc. Pode também ser entendido como a interrupção de correspondência e a ausência ou cessação de barulho, ruído ou inquietação. Pode ser entendido como a condição de alguma pessoa que deseja permanecer calada. O silêncio nos remete à condição de sossego, de paz o a intenção de guardar sigilo sobre algo, ou mesmo de fazer mistério. Vem do latim silentìum e o início de sua utilização data do século XIV.[1]

De acordo com as normas culturais, o silêncio pode ser interpretado como positivo ou negativo. Por exemplo, numa organização cristã, além que diversas Ordens Religiosas Católicas, aos Monges fazerem o Rito de Profissão Solene ele deve fazer o voto de silêncio, que é redimir toda sua vida num sagrado silêncio durante trabalho e oração.[2]


[1] HOUAISS [eletrônico] silêncio.
[2] SILÊNCIO. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Sil%C3%AAncio. Acesso em 7 maio 2012.

2 comentários:

  1. Meu caro Garin,
    a medida em que vamos somando anos, é mais fácil aderir a tua tese: "O tempo, enquanto futuro, presente e passado, é apenas o suporte irreal das conjecturas que entrelaçamos em nossas projeções para cá e para lá." Eu a assumo com cada vez mais convicção.
    Obrigado por nos envolver nessas reflexões.
    Com admiração.
    attico chassot

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    1. Amigo Chassot,
      nessa empreitada também somos companheiros. Obrigado pela tua participação na aula da UAM. As alunas/os apreciaram muito - estão se preparando para a próxima segunda.
      Um abraço,

      Garin

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