sábado, 12 de maio de 2012

Espiritualidade e corpo - ano 02 - nº 426


ESPIRITUALIDADE E CORPO
ANO 02 – Nº 426

A aula de ontem no mestrado de Reabilitação e Inclusão foi sobre o tema da espiritualidade, considerando os estudos sobre inclusão laboral e a saúde do trabalhador. Parte do debate observava a particularidade do tema, visto que, na maior parte das vezes, os cursos de pós-graduação não focalizam temáticas desse gênero. Infelizmente, a percepção cartesiana/newtoniana domina os estudos nesse nível. Entretanto, os mestrados do IPA possuem essa visão inclusiva e holística da realidade.

A certa altura do debate nos questionamos sobre a localização da espiritualidade. Estaria ligada ao cérebro? Quem sabe a espiritualidade pode ser encontrada no coração? Se estivéssemos vivendo na era clássica grega poderíamos conjeturar que a espiritualidade se localizasse no fígado? É interessante que fazemos uma hierarquia de órgãos do corpo e esses que fizeram parte do nosso questionamento poderiam ser considerados que estão entre os mais nobres. Entretanto, por que não questionar se a espiritualidade poderia se localizar no intestino? Poderia estar nos pulmões? E por que não no sistema circulatório? A verdade é que nossa mente esquematizada tende a procurar um lugar porque sem uma localização objetiva não consegue esquadrinhar.

Evidentemente que a resposta mais normal será o coração. Basta ligar uma TV numa canal que esteja transmitindo um programa religioso e o pregador vai se dirigir aos telespectadores com um apelo incisivo formulado mais ou menos assim: “Como está o teu coração? Ele é a morada de Deus!”.

Pois é, fui justamente essa uma das preocupações do nosso debate. Alguém ou alguma instituição tem o direito de se considerar ‘proprietária’ da espiritualidade? Quem concedeu às religiões a exclusividade da patente da espiritualidade? Para falar de espiritualidade é necessário falar de Deus?

De fato, o que aconteceu e acontece é que boa parte das religiões se apoderaram da ‘espiritualidade’ e a deturparam a partir de interesses, muitas vezes escusos e sustentados pela sedição de poder. Com isso contaminaram o tema da espiritualidade, que a simples menção dele no meio acadêmico, pode provocar urticarias e certos cientistas.

É necessário descontaminar a percepção e o estudo da espiritualidade. Ele não é ‘reserva de mercado’ de nenhum segmento e boa parte do que se tem pregado sobre isso não tem valor nenhum.

A espiritualidade não está localizada aqui ou ali porque ela faz parte do humano e não de uma parte do ser humano. Como é impossível separar uma parte do humano é impossível separar espiritualidade. Quando falamos em coração, falamos em espiritualidade; quando falamos em fígado, falamos em espiritualidade; quando falamos em cérebro falamos em espiritualidade; quando falamos em pé, em mão, em cabelo, em sentimento, em ódio, em emoção etc., falamos em espiritualidade. É independente de credos ou religiões. Ela é indivisível, inseparável, inalienável ao ser humano.

Votos de um sábado repleto de espiritualidade


2 comentários:

  1. Meu caro Garin,
    encontrar-te (e também ao estimado colega Clemildo) foi um excelente catalisador à fecunda jornada acadêmica que se estendeu quase até às 13h.
    Desejo que o programa ‘espiritual’ anunciado para a manhã tenha na evocação de tua mãe um frutuoso domingo,

    attico chassot

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    1. Amigo Attico,
      também foi uma surpresa agradável te encontrar ontem pela manhã nas escadarias do IPA. Uma surpresa porque imaginava que reservaria toda a manhã para descansar da longa viagem de retorno da URI. Agradável porque é muito bom encontrar o amigo e colega com quem comungamos muitas ideias.
      Um abraço,

      Garin

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